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Por que é tão importante valorizar as pequenas coisas?

De vez em quando, grandes mudanças colocam em xeque a maneira como estamos acostumados a viver. Nesses momentos, é ainda mais importante valorizar as pequenas coisas que vemos e sentimos no nosso dia a dia, aponta a escritora Isabel Gillies, autora de “Cozy: The Art of Arranging Yourself In The World” (ou “conforto: a arte de se acomodar no mundo”, obra não traduzida para o português).

“O conforto é algo que você pode identificar e usar como uma ferramenta, mesmo nas horas mais escuras. É justamente nestes momentos difíceis que precisamos acessar nosso ‘eu’ mais autêntico”, escreve a autora em um artigo para a The Atlantic.

Durante uma quarentena, por exemplo, tem gente que vai se sentir bem resolvendo um quebra-cabeça, e tem quem relaxe fazendo pão. “O que me sustentou durante momentos desafiadores foi perceber pequenas partes da minha vida que eu amo, como o som de trocar as estações de rádio, arrumar a cama, ver meus lápis. Isso nos faz pensar que tudo vai ficar bem”, afirma Gillies.

Em um estudo recente, Ting Zang, professor-assistente da escola de negócios da Universidade Harvard, avaliou a importância dos acontecimentos cotidianos. “Queríamos mostrar que as pessoas subestimam o valor de documentar o presente, especialmente o mundano. A gente contrata fotógrafos para ocasiões especiais, mas não captura as ricas experiências do dia a dia que são uma parte tão importante da vida”, afirmou ele em um artigo do The New York Times.

Nessa pesquisa, ele e os colegas acabaram descobrindo que os eventos que os participantes achavam que seriam menos especiais foram os mais percebidos como os mais marcantes com o passar do tempo.

Prestar atenção às pequenas coisas também nos ajuda a entender o que é realmente importante, afirma a escritora Lissa Jensen, que gosta de anotar e fazer desenhos sobre seus sentimentos cotidianos.

“Honrar o que parece trivial é uma maneira de dizer que tudo é potente, tudo é útil”, explica. “Uma janela quebrada, um posto de gasolina vazio no cair da noite, a calma ao escolher uma fruta madura… O poder dessas coisas vem de sua insignificância. As coisas não são só o que elas parecem.”

Outro escritor, Dan McAdams, explica que esses momentos de introspecção nos ajudam a dar um sentido às nossas vidas. “Nossa verdade é construída em meio ao que amamos e odiamos, o que provamos, cheiramos e sentimos, nossos compromissos diários e os afetos de fim de semana, nas conversas com as pessoas mais próximas e com um estranho que conhecemos no ônibus.”

Aproveitando essas reflexões, o The New York Times reuniu algumas dicas sobre como podemos praticar mais esse olhar para as coisas pequenas e descobrir como elas podem trazer grandes significados para a nossa vida.

Desacelere e repare nas coisas

Reserve alguns instantes do dia para desacelerar e prestar atenção aos detalhes ao seu redor, como as roupas que as pessoas vestem ou as cores dos objetos. Depois, tente se lembrar desses detalhes e pense em como você descreveria o que viu ao longo do dia.

Troque o celular por um bloquinho

Adote o hábito de levar um pequeno bloco ou caderno para fazer anotações e desenhos. Nos momentos de espera, quando estiver em uma fila ou aguardando o ônibus, por exemplo, faça suas anotações e crie imagens em vez de ficar só mexendo no celular.

Enxugue ao máximo

Se você gosta de escrever, documente o que você viu ou sentiu com o mínimo de palavras possível. Escreva de uma a cinco frases e vá alimentando o hábito de registrar só o que mais marcou seu dia.

Releia e reflita

A cada um ou dois meses, releia o que você escreveu e reveja seus desenhos prestando atenção aos detalhes. Depois de um certo tempo, mesmo um breve encontro pode ganhar um novo significado –ou revelar um padrão no qual você ainda não havia reparado. É uma maneira de descobrir o que é realmente significativo e verdadeiro para você.

Viva a longevidade

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