Diferentemente do que poderia se imaginar, o preconceito das empresas em relação à formação EaD não é mais como chegou a acontecer no passado. O Censo de Educação Superior referente ao período de 2020 já reflete mudanças trazidas pela pandemia, que reforça a tendência de crescimento vinda dos últimos dez anos no número de ingressantes na modalidade quadriplicou.
O estudo mostra que mais de 3,7 milhões de ingressantes no ensino superior em 2020, 53,4% optaram pela modalidade à distância, enquanto 46,6% escolheram cursos presenciais – estes adotaram atividades remotas de forma provisória, em função da pandemia. Os números foram informados pelas instituições de ensino em 30 de junho de 2021, a partir de estatísticas de 2020.
A procura e a qualidade do ensino oferecido por muitas instituições contribui cada vez mais para que as empresas não façam distinção na hora de contratar. Vale lembrar que no diploma não aparece a informação se o estudante foi formado a distância ou não.
“Hoje a gente já não tem mais aquele preconceito das empresas de recrutamento nas entrevistas. ‘Ah: você se formou a distância, então pode ser que não haja qualidade na sua formação’”,
afirma a professora da Escola de Educação e Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e coordenadora de EAD da PUCPR, Katia Ethiénne Esteves dos Santos.
Segundo Kátia, em muitos lugares a formação EaD hoje em dia é um privilégio. “Porque esse estudante teve que desenvolver outras competências além das que ele já desenvolveu no presencial, que é a capacidade de trabalhar com tecnologia, comunicação, gerenciamento de tempo e autonomia”, avalia.
A executiva Christina Curcio, fundadora e CEO da Icon Talent, empresa de consultoria e recrutamento, afirma que muitos dos concorrentes às a vagas optam por cursos EaD, especialmente de extensão e de curta duração. Segundo ela, os clientes não fazem distinção entre candidatos que passaram por formação a distância ou presencial no momento da seleção.
“A gente sente que o mercado não tem preconceito. Muito pelo contrário. Muitos profissionais estão fazendo cursos em sistemas e sites que disponibilizam cursos 100% online, cursos até em universidades renomadas. A gente não sentiu preconceito nenhum. É super aderente quanto mais curso e conhecimento é melhor. É muito mais na prática e o conhecimento que o candidato tem”, afirma a profissional.
Cargo em concurso público com diploma EaD
Luciano Castilho tem 44 anos e é agente de telecomunicações da Polícia Federal há 18 anos. O profissional se formou tecnólogo em Tecnologia da Informação, pela Unisul, de Santa Catarina. Foram quatro anos de curso, de 2000 a 2004, totalmente a distância.
Nesta época eram muito poucas as opções de faculdades que ofereciam a modalidade de Ensino a Distância e o mercado de trabalho ‘torcia o nariz’ a quem apresentava esse tipo de formação. Mas mesmo no início dos anos 2000, Luciano já conseguiu garantir uma vaga, graças ao diploma de nível superior.
Na época, a opção pelo ensino a distância foi uma necessidade.
“Eu viajava muito e o EaD acabou sendo uma boa opção para conseguir concluir a minha graduação”,
conta.
Mais difícil que conquistar a vaga de emprego, segundo ele, foi o processo de adaptação. “Percebi que dependia muito mais de mim do que do professor, alguém estimulando. Eu mesmo tinha que buscar minha motivação.”
Hoje, Luciano também atua como professor de cursos EaD, assim como presenciais. Do ‘outro lado do balcão’, o professor EaD Luciano percebe que o controle do estudo é transferido do docente para o aluno. E a dedicação ou não terá interferência no mercado de trabalho, não fazendo diferença se o diploma é presencial ou EaD.
“Se no presencial o professor conduz o aluno, estimula, chama a atenção, no EaD quem tem que se estimular, correr atrás, é muito mais o aluno do que o professor. Se o aluno não fizer isso, corre o risco de fazer o curso só pra obter o canudo e acaba sendo um profissional limitado lá na frente.”
Formação internacional a distância
Tatiane Ketyn atua na área de consultoria organizacional e planejamento de carreira e diz que não percebe preconceito na formação EaD. “Acredito que esse pensamento tá um pouco ultrapassado. Querendo ou não, se a gente faz uma opção por uma instituição de qualidade, que tem renome e, principalmente, pelo conhecimento que adquire, e pela autoridade que tem, a partir do momento que a pesoa estuda, se dedica, passa a ser especialista na sua área e ganha a notoriedade”, avalia.
Hoje ela faz mestrado a distância, em uma instituição dos Estados Unidos. Dessa forma, além dos benefícios da formação, a estudante consegue conciliar os estudos em outro continente com a maternidade, a vida em família e a vida profissional em Curitiba.
“Levei em consideração o custo-benefício, o controle do tempo. Posso fazer meu próprio horário, tenho essa flexibilidade para atender minhas demandas e, ao mesmo tempo, estar estudando. Posso estar em casa, no ambiente de trabalho, posso estar de férias. E também tenho acesso a conteúdos atualizados”,
relata Tatiane.
Ela conta que fez questão de buscar uma instituição de qualidade, que proporcionasse uma formação internacional, ainda mais atraente ao mercado de trabalho, mas sem perder a oportunidade de interação com outros alunos.
“Além da possibilidade de uma dupla formação, a instituição lá nos propicia muitos benefícios no sentido de conhecimento atualizado, de poder ter na prática um benefício de poder estar em contato com outros mestrandos, outros estudantes. A gente acaba compartilhando conhecimentos e aliando a teoria à prática, que ajuda no mercado de trabalho.”
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