Temos muito o que caminhar para equilibrar a balança e oferecer igualdade de condições. Mas pessoas continuarão sendo destacadas para assumir postos de responsabilidade, liderar times e conduzir projetos críticos, chame como quiser.
Já faz tempo que o conceito da meritocracia vem sendo questionado, mas tenho tido contato cada vez mais frequente com afirmações veementes a respeito da ineficácia desta prática. Filósofos e escritores que acompanho, além de alguns dos meus alunos e consultores de práticas não ligadas à remuneração, têm criticado a lógica, a viabilidade e as consequências deste instrumento vital para a gestão das carreiras nas organizações.
Uma das críticas se fundamenta no entendimento de que o mérito de um profissional, o qual premiamos (com dinheiro, com promoções ou por meio de reconhecimentos intangíveis), deveria ser consequência de muita dedicação ao trabalho, de forma que fôssemos todos potencialmente e igualmente elegíveis a ele. Mas, segundo os críticos, este conceito desconsidera elementos como sorte, habilidades pessoais e mesmo relações familiares e pessoais que contribuiriam para o sucesso de uma pessoa sem que necessariamente o tal esforço pessoal ocorresse.
Ou seja, eu posso me esforçar muito e não alcançar os mesmos resultados de outra pessoa que tenha sido beneficiada por fatores acessórios. Por isso parece injusto que o tal mérito tenha sido conferido a quem não se esforçou tanto. Também parece injusto não considerar que um time é composto por pessoas de diferentes perfis, sendo importante reconhecer a contribuição de todos.