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Como escolher o curso superior? Veja 10 dúvidas para tirar antes de pisar na faculdade

1. Pública ou particular?

Há cursos excelentes tanto na rede pública quanto na privada. O Ministério da Educação produz índices que avaliam cursos e instituições de ensino superior. Vale consultar o Conceito Preliminar de Curso (CPC), disponível no site do Inep, que avalia em uma escala de 1 a 5: quanto maior o número, melhor o resultado.

O professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, Antonio Carlos Hernandes, incentiva os estudantes a buscarem opções na rede pública. Ele lembra que as cotas aumentam as chances de ingresso. “É preciso buscar aquilo que o poder público oferece, mas cada aluno deve definir seu projeto de vida e desejo de futuro. Só não vale desistir. Até porque o salário médio para quem tem ensino superior é quatro vezes maior do que o de quem não tem”, diz o docente que há 22 anos coordena programas como o Vem Saber, que incentiva alunos de ensino médio a ingressarem na universidade.

Vale ainda analisar a grade curricular e a proposta pedagógica das instituições e verificar quais estão mais alinhadas ao seu propósito.

Beatriz Correa de Mello, do 3º ano do ensino médio, se prepara para estudar Engenharia de Produção em uma universidade nos Estados Unidos ou no Canadá.  © Tiago Queiroz/Estadão Beatriz Correa de Mello, do 3º ano do ensino médio, se prepara para estudar Engenharia de Produção em uma universidade nos Estados Unidos ou no Canadá. 

2.A distância ou presencial?

Os cursos a distância podem ser uma boa opção se o câmpus escolhido está longe da sua casa, o que evita o deslocamento e otimiza tempo. Caso o estudante esteja plenamente disponível para viver a experiência universitária e não trabalhe, por exemplo, o modelo presencial pode agradar mais. Hoje, entretanto, muitos dos cursos funcionam no formato híbrido – preveem a ida do estudante à universidade duas ou três vezes por semana. Dessa forma, a instituição possibilita que o aluno participe remotamente de aulas mais teóricas e reserve os momentos presenciais para atividades práticas em laboratórios, dinâmicas em grupo e atendimentos personalizados. O professor Hernandes oberva que “o EAD é uma possibilidade importante e pode atender quem de fato não tem condições de se deslocar, mas o presencial deve prevalecer porque ajuda a desenvolver outras habilidades que estão na convivência social e não somente na sala de aula.”

3.Tecnólogo ou bacharelado/ licenciatura?

Os cursos superiores de tecnologia, também chamados de tecnólogos, são mais curtos, têm, em média, de 2 a 3 anos de duração. Outra característica é o de serem mais voltados à preparação ao mercado do trabalho, aprofundando em um tema específico. Já bacharelado ou licenciatura oferece formação mais ampla. Funciona tanto para quem está de olho no mercado como para aqueles que pretendem seguir carreira acadêmica ou lecionar.

4. Opto por um curso tradicional ou por algo que seja novo?

Os cursos de graduação mais clássicos, como Direito, Psicologia, Medicina e Administração continuam sendo os mais procurados pelos estudantes, segundo pesquisa do Instituto Semesp. Por outro lado, há mais de 100 opções de tecnólogos reconhecidas pelo Ministério da Educação. Entre elas, há cursos em diferentes eixos, passando por Gestão e Negócios, com exemplos como Logística e Marketing, até Meio Ambiente e Saúde, além de superiores de tecnologia de Gestão Hospitalar ou Radiologia. Entre os bacharelados, também surgem cada vez mais novidades, como Engenharia Têxtil, Ciência de Dados, Produção Cultural, Negócios Digitais, Engenharia de Software. A escolha deve ser guiada pelos interesses, competências e habilidades que queira aprender ou aperfeiçoar.

5. Estudar de dia ou à noite?

As cargas horárias dos cursos matutinos e noturnos costumam ser as mesmas. Por isso, essa decisão vai depender do seu estilo de vida, e dos compromissos que possui além de ser estudante. Também vale avaliar o próprio perfil. Tem pessoas que claramente “funcionam” melhor durante o dia.

6. Opto por infraestrutura e corpo docente ou fama e tradição?

É fundamental que a universidade pela qual se opte reúna uma série de pontos positivos. Infraestrutura e qualificação do corpo docente estão estritamente relacionados à qualidade de ensino. Vale a pena pesquisar em rankings internacionais e índices de qualidade da educação superior, do Ministério da Educação. Outra dica para resolver esse dilema é conversar com alunos que já se formaram nas instituições.

7. Fies ou crédito particular?

O ideal é fugir das altas taxas de juros e procurar opções que realmente caibam no seu orçamento ou de sua família. O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) atende estudantes de baixa renda, mas para pleiteá-lo é preciso ter participado de alguma edição do Enem a partir de 2010 e ingressar em uma seleção. O pagamento do financiamento começa depois da conclusão do curso. Mas vale a pena consultar se a instituição de ensino que você pretende se matricular oferece algum tipo de financiamento que valha a pena.

8. Dedicação integral ou concilio com outros afazeres?

Nos casos de cursos integrais, como Medicina, por exemplo, o universitário terá pouco tempo extra para outras atividades, além da universidade.

Em cursos de meio período, se o estudante tiver a opção de não trabalhar, ao menos nos primeiros semestres, vale a pena tentar encaixar alguns hobbies e práticas esportivas na rotina, que podem até contribuir com o desempenho escolar. As próprias instituições de ensino superior são ecossistemas muito ricos em atividades – oferecem ligas esportivas, de empreendedorismo e criação de startups, por exemplo.

O professor Hernandes lembra que algumas têm bolsas com auxílio financeiro para garantir a permanência dos estudantes de baixa renda. “A entrada no ensino superior exige um esforço grande por parte do aluno, e por isso as instituições têm uma responsabilidade grande para garantir a permanência. A USP, por exemplo, oferece auxílio moradia, alimentação e bolsas associadas a mérito que, juntas, podem chegar a até R$ 1 mil mensais”, diz.

Algumas graduações permitem que os estudantes, ao chegarem nos últimos semestres, consigam estágios, o que facilita a inserção no mundo do trabalho.

9. Morar com a família ou ir para uma república?

As moradias estudantis ajudam a incrementar a experiência da vida universitária. Muitas vezes é quando o estudante dá seu primeiro passo rumo à independência. Porém, viver em uma república exige um investimento financeiro, é preciso ter isso em mente. Algumas universidades públicas oferecem moradia estudantil ou auxílio, o que pode facilitar esse processo de sair da casa dos pais. De toda forma, vale a pena avaliar se você está pronto. Afinal, morar sozinho ou com amigos requer responsabilidade, exige tolerância e necessidade de divisão de tarefas.

10. Fico no Brasil ou vou estudar no exterior?

Há cursos superiores de qualidade no Brasil e em muitos países do exterior. É claro que, ao optar por estudar fora do Brasil, o aluno ganha outras experiências, como fluência em um novo idioma e o contato com outras culturas e tradições, algo muito rico e que agrega à formação.

Entretanto, vale frisar que, se sua opção é concluir o ensino superior no exterior e depois exercer sua profissão no Brasil, é necessário fazer a validação do diploma. Esse processo pode ser burocrático e muito custoso, dependendo da profissão, como Medicina, por exemplo.

Beatriz Correa de Mello, de 17 anos, aluna da 3.ª série do ensino médio no Colégio Móbile, por exemplo, está se preparando para estudar em uma universidade nos Estados Unidos ou no Canadá. “Tanto no Brasil quanto fora, há excelentes universidades, mas a minha escolha partiu muito de um desejo de independência e de querer ganhar visão de mundo, descobrir novas culturas, perspectivas e opiniões”, explica.

Outro chamariz foi o fato de as instituições estrangeiras terem mais flexibilidade no currículo. A adolescente quer estudar Engenharia de Produção e afirma que conta com o departamento de estudos internacionais do Móbile para ajudá-la nas candidaturas. O colégio oferece apoio aos estudantes que pensam em estudar no exterior, uma vez que o processo seletivo é diferente do brasileiro e inclui várias etapas. “Somos guiados em todo o processo, com palestras, oficinas e incentivo”, afirma Beatriz.

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