“Explorar, analisar, compreender como interagem as múltiplas dimensões que caracterizam a vida das pessoas, dos grupos e das organizações, em um mundo crescentemente complexo e em transformação, construindo, a partir, daí estratégias e procedimentos que possam promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.”
Nesse contexto, os psicólogos organizacionais precisam lidar com forças críticas que modificam a força de trabalho hoje, segundo cita esta apresentação da supervisora de Recursos Humanos, Michelli Godoi:
A crescente diversidade da força de trabalho
Reintegração da vida doméstica com a vida profissional
Globalização
Expansão do planejamento de recursos humanos
Mudança da força de trabalho
Aumento das expectativas dos empregados e a necessidade de se equilibrarem os custos e as demandas dessas expectativas
Renovação da responsabilidade social das organizações.
Psicólogo organizacional x coach
Há quem confunda o papel desses dois profissionais que podem, inclusive, trabalhar lado a lado nas empresas.
Afinal, o coach especializado em carreiras acaba compartilhando alguns objetivos com o psicólogo organizacional.
No entanto, são trabalhos diferentes, pois o processo de coaching tem uma abordagem mais individual, tendo como tarefa provocar e aplicar ferramentas para que o próprio funcionário mude sua postura.
Essa dinâmica prevê uma transformação interior que vai se refletir no comportamento do colaborador em sua rotina, sendo realizada através de sessões e avaliações em que estão presentes apenas o coach (treinador) e o coachee (orientando).
Nelas, o coach aplica técnicas que ampliam o autoconhecimento de seu cliente, a fim de promover uma evolução na conduta em diferentes áreas da vida.
Já o psicólogo organizacional tem um propósito que considera a coletividade, atuando principalmente em pontos que façam a diferença para equipes ou a empresa como um todo.
Para alcançar esse alvo, ele terá, sim, de se concentrar nos desejos e necessidades individuais, porém, não poderá focar nessas questões se elas contrastarem com os benefícios para a companhia ou o time.
Portanto, o coach se dedica à conquista de objetivos individuais, enquanto o psicólogo organizacional se volta à adaptação dos mecanismos empresariais àquilo que os colaboradores desejam, de modo que se estabeleça uma relação ganha-ganha.
O empregado ganha por ter demandas atendidas, e a organização ganha com o aumento da produtividade.
Quais são os benefícios da psicologia organizacional nas empresas?
Psicologia organizacional
Quais são os benefícios da psicologia organizacional nas empresas?
Como mencionamos acima, a psicologia organizacional oferece suporte para diversas práticas da gestão de pessoas, com vantagens claras, por exemplo, na aplicação junto a processos do departamento de RH.
A seguir, conheça 7 dos principais benefícios de contar com psicólogos organizacionais nas empresas.
Melhora no clima organizacional
Essa é uma questão importante, pois um clima organizacional ruim atrapalha o rendimento dos funcionários, além de facilitar ocorrências como absenteísmo, fofocas e até agressões como o bullying no trabalho.
Quando existe um olhar humanizado e empático, com atenção para a forma como as pessoas se sentem dentro da companhia, o clima tende a melhorar.
Por isso, a presença de um ou mais psicólogos organizacionais favorece um clima mais leve, em que os colaboradores sentem que são ouvidos e acolhidos.
Diminuição da rotatividade
Dependendo do setor e quantidade de funcionários, as empresas podem gastar altas somas devido à taxa de turnover – que representa a rotatividade de empregados.
Diversos fatores contribuem para que alguém deseje deixar o atual emprego, com destaque para um clima organizacional pesado e a falta de perspectiva na carreira.
Por lidar e propor soluções para esses problemas, a psicologia organizacional é uma grande aliada na redução do turnover, retenção de talentos e enxugamento de custos a curto e longo prazo.
Aumento da satisfação no trabalho
Esse quesito acumula outros pontos positivos, como mais saúde, qualidade de vida e produtividade, elevando também os lucros para a companhia.
Funcionários satisfeitos são mais felizes e se sentem motivados a buscar crescimento, melhorando o capital intelectual disponibilizado para a empresa.
Com o tempo, é possível observar um progresso geral, com impactos para toda a organização.
Contratações assertivas
Como disse o guru da liderança Ram Charan, “o seu maior multiplicador é ter a pessoa certa no lugar certo“.
Se não houver uma análise do perfil necessário para um cargo e comparação entre exigências e candidatos, fica difícil acertar nos processos de recrutamento e seleção.
Em um primeiro momento, isso pode parecer detalhe, mas o tempo e o dinheiro investidos em contratações, demissões e treinamento pode sair caro para a companhia.
Ter a ajuda de um profissional formado em psicologia organizacional pode ser um investimento estratégico nesse sentido.
Apoio na análise de resultados
A partir de ferramentas como a avaliação de desempenho, o psicólogo organizacional fornece apoio para as lideranças, acompanhando indicadores e definindo metas de carreira para os funcionários.
Através de sua perspectiva voltada ao fator humano, fica mais simples constatar o estado atual e estabelecer os passos para chegar até o estado desejado, promovendo mudanças.
Suporte para a construção de planos de carreira
Um dos maiores atrativos para profissionais de alta performance são planos de carreira bem delineados, com clareza sobre os passos necessários para crescer na empresa.
Quando um psicólogo organizacional colabora ou assume essa tarefa, o planejamento se torna mais assertivo, pois o documento é pensado conforme as habilidades e competências de cada indivíduo.
Em vez de metas engessadas, é possível desenhar novos formatos, que serão positivos para o trabalhador e a companhia.
Programação voltada à qualidade de vida
Outra vantagem de investir em psicólogos do trabalho é aproveitar seu conhecimento para criar programas de qualidade de vida.
Isso significa ir além das obrigações apontadas nas leis trabalhistas, que exigem segurança e saúde no trabalho, para alcançar um patamar de prevenção de enfermidades e impactos sobre o corpo e a mente dos colaboradores.
É possível, por exemplo, educar a equipe e conduzir exercícios para evitar lesões por esforço repetitivo (LER), bastante comuns para quem passa anos digitando.
O mesmo raciocínio vale para fatores de risco para doenças cardiovasculares (sedentarismo, obesidade, etc.), males respiratórios e agravos à saúde de quem possui enfermidades crônicas.
Qual a função de um psicólogo organizacional?
Segundo o estudo “Psicologia organizacional e do trabalho no Brasil: desenvolvimento científico contemporâneo“, assinado por Aline Maria Tonetto, Mayte Raya Amazarray, Sílvia Helena Koller e William Barbosa Gomes:
“Um dos principais desafios na área de POT é compreender como interagem os múltiplos aspectos que integram a vida das pessoas, grupos e organizações em um mundo em constante transformação, de modo a propor formas de promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e o bem-estar.”
Esse desafio está relacionado à maioria das atividades, segmentos e projetos desenvolvidos pelos profissionais da área.
Abaixo, detalhamos as funções mais comuns no dia a dia do psicólogo organizacional.
Recrutamento e seleção
A compatibilidade entre candidatos, vagas e valores da empresa são analisados sob a perspectiva da psicologia organizacional, resultando em escolhas bem embasadas.
Por isso, é natural que os gestores de Recursos Humanos contem com um ou mais profissionais desse setor em seus departamentos.
Eles ficam responsáveis por elencar as competências e o perfil mais adequado para determinada posição, além de aplicar testes e monitorar respostas para indicar o candidato mais alinhado a esse perfil.
Treinamento e desenvolvimento
A construção de treinamentos de integração e outras modalidades de capacitação corporativa é outra tarefa desempenhada pelo psicólogo organizacional.
Seu conhecimento sobre a dinâmica do aprendizado para pessoas com diferentes perfis contribui para uma formação mais personalizada, com resultados promissores.
Além de cursos e treinamentos, esse profissional é útil na elaboração e implementação de planos de carreira interessantes para os colaboradores.
Gestão de clima organizacional
Gerenciar o clima no trabalho não se resume a evitar e administrar conflitos.
É uma atividade constante, que pede zelo e dedicação para manter a parceria entre as equipes, resolver demandas e cultivar o respeito.
Nas empresas atuais, a gestão do clima organizacional é o que sustenta a diversidade, ativo cada vez mais necessário para se manterem inovadoras e competitivas.
Promoção da qualidade de vida no trabalho
Psicólogos organizacionais se dedicam a manter os empregados saudáveis, tanto no corpo quanto na mente, a fim de que desfrutem de qualidade de vida durante a rotina profissional.
Isso inclui o monitoramento, projeção e adaptação dos postos de trabalho ao perfil e tarefas das pessoas, para que se tornem ergonômicos.
Também engloba reflexões e mudanças na cultura da organização para diminuir cobranças, pressão em demasia e comportamentos prejudiciais, a exemplo do assédio moral.
Dessa forma, funcionários trabalham sob menor estresse e têm diminuído o risco de transtornos mentais como burnout, depressão e ansiedade.
O que é necessário para ser um psicólogo organizacional?
Psicologia organizacional
O que é necessário para ser um psicólogo organizacional?
Ao ler até aqui, você já deve ter percebido que o psicólogo organizacional ou do trabalho deve ter bastante interesse em pessoas, padrões de comportamento humano e as variáveis capazes de provocar transformações nesses padrões.
Então, além de gostar de Psicologia, vale complementar os saberes com outras disciplinas, a exemplo de:
Administração
Gestão de pessoas
Recursos humanos
Antropologia
Sociologia
Ergonomia
Segurança do trabalho
Comunicação.
Na prática, o caminho mais tradicional é cursar uma graduação em Psicologia, que dura, em média, 5 anos e cobre uma gama ampla de conhecimentos.
Na hora de escolher sua formação, não se esqueça de confirmar o credenciamento do curso junto ao Ministério da Educação (MEC).
Psicanálise, Psicopatologia e Ética são algumas das disciplinas cursadas durante a graduação em Psicologia.
Após concluir essa fase, o profissional deve procurar o Conselho Regional de Psicologia para obter seu registro (CRP), necessário no exercício da carreira.
Em seguida, já é possível cursar uma pós-graduação visando se especializar em Psicologia Organizacional e do Trabalho, disponível em diversas instituições de ensino, com duração variada.
O mais comum é que o curso leve entre um ano e meio e 2 anos, preparando o psicólogo para contemplar as demandas que surgem em diferentes contextos dentro das organizações.
Nesse período, ele irá estudar tópicos como as relações de poder no trabalho, cultura organizacional, responsabilidade social, inteligência emocional, gestão de conflitos e liderança.
Por fim, deverá apresentar um trabalho de conclusão de curso (TCC) ou projeto similar para garantir o status de especialista.
Quanto tempo dura a pós em Psicologia Organizacional?
A pós-graduação em Psicologia Organizacional dura, em média, entre 18 e 24 meses.
Ou seja, de um ano e meio a dois anos.
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