O recado para as instituições de ensino superior é claro: devem se preparar, buscar parcerias com empresas e capacitar seu corpo docente. Além disso, oferecer melhor suporte e apoio para alunos e ofertar um ensino atualizado, diferenciado e de qualidade. Mas há boas notícias.
Segundo a pesquisa, o curso de graduação é importante diferencial para o mercado de trabalho. Entre concordo e concordo totalmente com isso, os alunos do presencial representam 90,5% e aqueles do EAD nada menos de 95,1%.
55,9% de alunos do presencial e 67,6% em EAD acham que estão preparados para o mercado.
Marcio Sanches, coordenador da Universidade Corporativa do Semesp, entende que as IES estão cada vez mais atraindo docentes que atuam no mercado. E que isso é valorizado pelo estudante.
Professor de estratégia empresarial há 16 anos na FGV-SP, Sanches diz que “quanto mais puderem vincular seus cursos com o mundo do trabalho, mais haverá reconhecimento”. Sobre a valorização do diploma, constatou-se um crescimento de 135% na média do rendimento bruto entre os egressos que estão trabalhando atualmente e que já trabalhavam antes de finalizar o curso. Outra informação relevante: apenas 2,9% dos estudantes recebiam mensalmente um valor acima de 5 mil reais. Após a conclusão do curso, esse percentual saltou para 26,0%.
O que os alunos destacam como positivo
Os respondentes também comentaram sobre a forma como a instituição de ensino vem contribuindo para o desenvolvimento profissional dos seus alunos. Os tópicos mais citados foram atividades extracurriculares: os respondentes mencionaram que as instituições de ensino fazem exposição de assuntos relacionados ao mercado de trabalho por meio de palestras (atividade mais comum), workshops, eventos, seminários, oficinas, estágios, aulas especiais e complementares (muitas vezes, online), vídeos, lives, mentorias, pesquisas e orientação individual.
O segundo ponto levantado é sobre o ensino de qualidade. Os alunos destacam a importância de uma grade curricular adequada e condizente com as necessidades do mercado, de um suporte efetivo e personalizado aos alunos, de professores altamente capacitados e atualizados, além da disponibilização de conteúdos (teóricos e práticos) inovadores e objetivos.
O que pode melhorar
A disponibilização de cursos complementares e gratuitos pelas instituições é uma das principais sugestões dos alunos matriculados no ensino superior. Os temas mais citados foram: novas tecnologias, uso do pacote office (em especial, Excel), idiomas (inglês e libras), empreendedorismo, gestão de pessoas e processos, marketing digital, uso de ferramentas atuais (Meet, Power BI, Autocad, ERP, SAP, entre outras), técnicas de negociação, oratória, como preparar um currículo e se comportar em uma entrevista de emprego, educação financeira, legislação trabalhista, liderança, linguagens de programação, ética, comunicação e organização.
O lado comportamental também foi muito citado pelos estudantes. Eles acreditam que a instituição pode contribuir de forma significativa com o desenvolvimento de habilidades e competências do seu corpo discente, trabalhando aulas e atividades voltadas para preparação emocional, apoio psicológico e testes vocacionais, liderança, trabalho em equipe, oratória, comunicação e autocontrole.
Os alunos também consideram importante que as instituições de ensino firmem parcerias e convênios com empresas privadas e públicas.
Isso melhora o processo de direcionamento dos estudantes para vagas disponíveis de estágio ou emprego, amplia o contato do aluno com o ambiente real de trabalho, efetua visitas técnicas e traz profissionais especializados e atuantes no mercado para dentro da universidade (palestras, eventos, minicursos, etc.), além de adquirir conhecimento sobre as ferramentas e conceitos mais aplicados no mercado atual e tendências para o futuro.
Orientação profissional
O apoio e o suporte da instituição de ensino foram citados pelos alunos como indispensáveis, principalmente como ajuda essencial para ingressar no mercado de trabalho. Orientações sobre como se comportar em busca de colocação e dúvidas sobre a área de atuação podem ser realizadas por meio de palestras, seminários, lives ou atendimento individualizado. Mais de 82% dos alunos de cursos presenciais das instituições privadas acreditam que o currículo do curso abrange a realidade do mercado atual; percentual maior que entre os alunos da rede pública (59,3%).
No EAD, esse percentual chega a quase 90%.
Ainda que no raciocínio desenvolvido pelo reitor do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, José Carlos de Souza Jr., em artigo para a Ensino Superior, ele diga que “enquanto muitas IES ainda se adequam para preparar um egresso que dificilmente terá um único emprego, durante sua vida, é preciso olhar na frente para descobrir os desafios”. E cita o historiador Yuval N. Harari:
“Em 2050, não apenas a ideia de um emprego para a vida inteira, mas até mesmo a ideia de uma profissão para a vida inteira parecerão antediluvianas”.
Revista Ensino Superior