Professores ganham seguidores ao transformarem o TikTok em um canal eficiente para ensinar sem chatice
Além de ser professor de português e fazer doutorado em filologia na USP (Universidade de São Paulo), Romulo Bolivar é edutuber da Rede Daltro, onde tem um canal no YouTube que já conta com mais de 217 mil visualizações.
Para Bolivar, usar as plataformas é um jeito de apresentar as aulas e, ao mesmo tempo, interagir com os estudantes. No entanto, ele destaca que as redes funcionam como um convite. “Apesar de o Instagram e o TikTok serem ferramentas poderosas de ensino, eu não posso me esquecer de que ali a exposição de conteúdo é inicial e geralmente superficial”, explica.
“Eu posso fazer um vídeo mostrando desvios de gramática na mídia, por exemplo, mas eu preciso lembrar o meu aluno e seguidor que saber português vai muito além disso”, comenta.
Como professor de redação e língua portuguesa no ensino médio público e privado, ele explica que vê a tecnologia como um dos principais aliados para atingir de forma mais efetiva o estudante. “As redes sociais, de certa forma, representam um ponto de proximidade.”
Andrea Pengo Santos dá aulas no colégio Emece, na capital paulista, e conta que a motivação para criar vídeos na plataforma veio de seus alunos. “São vídeos produzidos com base em conteúdos estudados em sala de aula ou por encontros online.”
No perfil do TikTok (@andreapengosantos), ela dá dicas sobre gêneros textuais, tempos verbais, acentuação, entre outros pontos. “Os vídeos são instrumentos de aprendizado. Ensino aos meus seguidores como buscar informações corretamente, misturo as dancinhas e músicas do momento para aproximar os mais jovens do conteúdo de sala de aula, e em poucos minutos, resumidamente, eles entendem os tópicos de forma divertida.”
Alencar Schueroff é doutor em literatura pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Natural de Florianópolis (SC), o professor tem vídeos com mais de 95 mil visualizações no perfil do Instagram (@alencarschueroff) e dá aulas pela plataforma online de ensino Professor Ferretto. Ele explica que tudo começou quando viu as possibilidades que o mundo virtual e as redes sociais ofereciam na área. “A intenção, desde o início, foi aliar profundidade com leveza, para que as pessoas sintam-se tocadas pela arte da palavra e se interessem cada vez mais por bons livros”, explica.
Segundo Schueroff, os vídeos e conteúdos são criados em conjunto com a esposa, Fernanda Tagliari, que trabalha com marketing de conteúdo e também é psicóloga. “Nossa meta é sempre ensinar com qualidade e ética, mesmo que em um meme ou uma brincadeira, como aconteceu no reels que viralizou. Temos como inspiração profissionais que conseguem unir a informação e o entretenimento”, relata.
Para o professor, os hábitos digitais não precisam ser inimigos da leitura. “É claro que o digital pode ser um distrator: o smartphone, com todas as suas possibilidades, é sedutor. Quando menos a gente percebe, está mexendo nele. Recomendo, então, que as pessoas reservem tempo para cada coisa. E quando for o momento de ler uma obra literária, sugiro deixar equipamentos distantes e buscar se entregar às palavras. Em tempo: o digital e a leitura podem ser um só, caso se utilize os e-readers, cada vez mais populares”, finaliza.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder