As 10 ocupações que mais empregam no Brasil somam 12,9 milhões de trabalhadores e pagam em média R$ 2.298.
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O Brasil possui mais de 2.000 ocupações diferentes no mercado de trabalho formal. Mas quase 1/3 dos 40,8 milhões de vínculos de emprego registrados no início do ano se concentrava em 10 profissões que pagam, em média, menos de 2 salários mínimos por mês.
Assistente administrativo é a ocupação mais comum do Brasil, com 2,1 milhões de empregos. Na sequência, vem auxiliar de escritório, com 1,9 milhão de vínculos. Vendedor, faxineiro e caminhoneiro também estão na lista das 10 profissões que mais empregam no país.
Essas ocupações somam 12,9 milhões de empregados e pagam em média R$ 2.298 por mês, segundo dados do Ministério do Trabalho e Previdência. Das 10 profissões que mais empregam no Brasil, 6 pagam menos de 2 salários mínimos (R$ 2.424).
O Brasil possui mais de 2.000 ocupações diferentes no mercado de trabalho formal. Mas quase 1/3 dos 40,8 milhões de vínculos de emprego registrados no início do ano se concentrava em 10 profissões que pagam, em média, menos de 2 salários mínimos por mês.Saldo
O cenário se repete entre as 10 profissões que mais criaram vagas em 2021. Neste caso, 8 das 10 ocupações pagam menos de 2 salários mínimos. O maior saldo, por exemplo, foi de faxineiros, que paga em média R$ 1.374 por mês. O Brasil conta hoje com 1,7 milhão de faxineiros e 142 mil dessas vagas foram abertas em 2021.
Metodologia
O Ministério do Trabalho e Previdência listou as 10 ocupações com os maiores estoques de emprego e as 10 profissões que mais abriram vagas em 2021 a pedido do Poder360. Depois, o Poder360 levantou o rendimento médio dessas profissões no recém-lançado Guia Brasileiro de Ocupações.
2 lados
Para especialistas, o predomínio de vagas em ocupações que pagam menos de 2 salários mínimos tem 2 lados. É bom porque mostra que trabalhadores pouco qualificados têm conseguido se formalizar, o que reduz o desemprego e a informalidade. Contudo, é ruim porque achata a massa de rendimentos do país –um vetor fundamental para o consumo das famílias.
A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reflete esse movimento. Segundo a pesquisa, o desemprego caiu para 11,2% no trimestre encerrado em fevereiro de 2022. É o menor resultado para o período desde 2016. Contudo, o rendimento médio do trabalhador brasileiro foi de R$ 2.511 no período –8,8% menor que o registrado 1 ano antes.
“O Brasil tem uma tendência de gerar empregos de renda baixa. É algo estrutural. Mas também há um aspecto conjuntural neste momento, por causa da recuperação econômica”, afirmou o pesquisador do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), Daniel Duque.
“O mercado de trabalho brasileiro tem uma proporção maior de empregos que exigem baixa qualificação e, em geral, têm rendas menores. E agora, diante da dificuldade de conseguir emprego, as pessoas ficam mais suscetíveis a aceitar salários menores”, afirmou o pesquisador do IDados, Bruno Ottoni.
Para Duque, “não é uma notícia só ruim”. “Quer dizer que os trabalhadores menos qualificados que antes poderiam estar na informalidade e no desemprego estão conseguindo emprego. Mas isso não deveria acontecer de forma tão longa, porque afeta a produtividade da economia”, afirmou.
Há também um aspecto político. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem seu melhor desempenho, com 51% de intenção de votos, entre trabalhadores que recebem até 2 salários mínimos, segundo o PoderData. A inserção -ou reinserção- dessa massa no mercado formal pode melhorar a situação do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Poder 360