Pedro Janot, executivo e conselheiro da Azul linhas aéreas, fala sobre as ânsias da Geração Y em seu livro “A vida é tudo o que você faz com ela”
Qual caminho devo seguir?”, “Qual profissão devo exercer?”, “Qual faculdade devo fazer?”. Essas são dúvidas presentes no dia a dia dos jovens que estão começando uma carreira.
Pensando nas ânsias da Geração Y, o executivo Pedro Janot lançou recentemente o livro “A vida é tudo o que você faz com ela”. A obra é um guia para identificar suas capacidades e seus objetivos profissionais. O autor traz para o leitor insights da sua trajetória de vida e sua carreira em grandes organizações.
Executivo e conselheiro da Azul linhas aéreas, Janot já foi CEO da Zara no Brasil e também presidente da primeira companhia aérea low-cost do país. Em entrevista à Plataforma Melhor RH, falou sobre a questão do jovem no início da carreira.
MELHOR – Como foi a experiência de escrever um livro de carreira, em plena pandemia com toda essa era de incertezas?
PEDRO JANOT – O que é certo, é a incerteza. E sempre foi assim, não é de hoje na pandemia. As incertezas podem mudar de tamanho, mas o normal são as incertezas. Uma pesquisa estadunidense diz que no Brasil e nos EUA 57% das pessoas estão infelizes com que estão fazendo. E isso é um dado muito importante porque dentro desses 57% nos temos nossos jovens.
MELHOR – O que é um jovem hoje?
PEDRO JANOT – Um jovem hoje tem 32 anos, na minha época era 24. O mundo era diferente, você podia pegar um ônibus sem ser roubado, esfaqueado. Era uma outra liberdade, com menos medo e insegurança. E nós não vivíamos a era do celular, a Era imediatista.
Eu tenho filhos que estão nessa fase e eu via muita dificuldade deles de criarem oportunidades para si próprios, de buscar os caminhos e o que quer fazerem de verdade, e isto só está acontecendo.
E eu criei um livro com caminhos lógicos com quem eu era naquela época, com os meus medos e o que eu fazia. Tem uma passagem no livro que diz o seguinte: “ escreva com um lápis em um papel quem você é, quem é sua família, quais são as suas grandes dificuldades, aonde você quer ir, o que você quer fazer para chegar no seu objetivo”.
Essa ferramenta eu usei aos meus 37 anos para me posicionar. Está é uma forma de cair sua ficha e olhar para o espelho. E esse foi meu objetivo, para passar para esta geração e para a geração mais velha, beirando os 40.
MELHOR- Os jovens têm medo de assumir riscos?
JANOT – Primeiro que eles estão realmente ligados ao que eles amam, o mundo da tecnologia. Ter o celular você toma conta do mundo, do teu mundo. E hoje, existe uma busca muito grande pelo propósito. Ele esta buscando o alinhamento do propósito da companhia com o propósito dele. E depois, se não há esse alinhamento você tem medo de seguir porque você não acredita no que você está fazendo e o porquê vai faze- lo.
E o que é o propósito na gestão? É o sonho coletivo, os valores de cada organização e isso somando traz uma cultura.
Se você contrata pelos valores, você está fazendo a contratação certa. Se você contrata pela técnica, você está fazendo uma contratação errada porque no final o que fica é a espinha dorsal, os valores.
E depois tem a tal da qualidade de vida. É o equilíbrio entre a quantidade de trabalho que você quer ter e o tempo que você quer ter para fazer as suas coisas. Os jovens querem qualidade de vida. Eles querem sair nos horários que tiverem que sair, mas não estão dispostos a trabalhar 12 horas por dia.
MELHOR – O que é mais difícil hoje em dia? É o jovem que não tem o planejamento da carreira?
JANOT – Acho que planejamento de carreira tem muito haver com estudo, educação. Você faz uma faculdade de engenharia, depois você quer se especializar. Mas na verdade, a vida é a vida e ela toma um rumo que ela quiser tomar. Então, o fato de planejar uma carreira não é de fato que isso vá acontecer.
Eu fiz 4 anos de engenharia, abandonei e fui fazer administração que para mim era igual ler gibi. Mas a maré da vida é mais forte do que qualquer planejamento de carreira. Porém, se você não planejar você não vai a lugar nenhum.
MELHOR – E como fazer esta mudança de rota?
JANOT – Essa mudança é suas habilidades serem reconhecidas no mercado e sua flexibilidade. Você pode ser um cara super fera em TI, mas é chato. Ninguém vai te indicar para uma carreira.
Você vai criando musculatura ao longo da vida e com isso pode “pivotar” e buscar outra coisa.
MELHOR – Como lidar com as frustrações ao longo da carreira?
JANOT- É uma geração que pouca frustração tiveram. Uma geração que pegou no mundo em um momento econômico que tínhamos 5% de desemprego no Brasil, em uma determinada época. E as coisas estavam plena.
MELHOR – Qual o conselho daria para um jovem no início de carreira?
JANOT – Meu conselho é que eles tentem se apaixonar por alguma coisa porque só a paixão é capaz de trazer felicidade. A segunda coisa é ter fome de crescer, fome de ser promovido, fome de ter mais bônus, fome de ter mais salário. E o principal, é a fome de aprender e ter um olhar crítico. Um olhar como se fosse um tigre caçando. Você é o tempo inteiro um tigre caçando oportunidades.
REVISTA MELHOR RH